XI - Fizemos o trajeto Cachoeiras Niterói na maior alegria o pessoa cantando o samba dentro dos ónibus, de vez enquanto se ouvia o pipocar dos fogos que eram soltado das janelas dos ónibus, até que chegamos a quadra onde seria realizada a grande final, no Fluminense Atlético Clube de Niterói, foi uma chegada triunfal com o explodir de uma bateria de fogos e minha torcida cantando o meu samba, após colocar-mos todos os torcedores para dentro da Escola, entrei e fiquei num canto conversando com Candinho e Jaburu e mais alguns torcedores, aguardando ansioso que fosse chamado para o sorteio, passado alguns longos minutos, eis que somos chamados para o sorteio na secretaria após o presidente fazer aquela recomendação natural de uma final de samba enredo, fomos tirar o numero e o meu samba foi sorteado para ser o ultimo a ser cantado, logo depois o presidente queria saber quem seria os puxadores dos samba no qual eu lhe disse que por não ter um puxador para a final eu mesmo iria interpretar o meu samba, eu observei que o mesmo coçou a cabeça e disse a disputa vai começar a 01,00 hora em ponto felicidades para todos. eu me lembro bem que me posicionei ao lado do palco nessa altura Dana. Wanda e Dana. Nilsa estavam perto de mim e bastantes nervosas, no outro lado da quadra estava os meus adversários diretos Flavinho e João Tapê, observei também que Flavinho de vez enquanto me olha pensativo, parecendo que queria me falar algo, ou era só impressão minha?. E eu ali com os meus pensamentos já que Flavinho era o puxador oficial da Cubango e cantava muito enquanto eu ... será que conseguiria levar o samba até a ultima estrofe... Foi ai que vi o Flavinho atravessar a quadra em minha direção o que me deixou curioso, quando chegou perto me disse. - Heraldo, você confia em mim, no que lhe respondi -É claro qual o motivo que teria para não confiar?. no que me respondeu - Então vai trabalhar a quadra que eu vou cantar o meu samba e o seu, dito isto voltou para o seu lugar e fiquei ali de boca aberta, pasmo, aboblhado, será que eu havia ouvido direito. Depois de ter sido cantado os três sambas que estavam na final comigo, inclusive o da dupla Tapê e Flavinho eis que sou chamado no palco para a última apresentação da noite festiva, fui me encaminhado para o palco quando vi o Flavinho pegar o microfone e dizer -Em vista do cantor do samba de Heraldo por motivo particular não poder cantar hoje, eu como puxador da escola me sinto na obrigação de interpretar o referido samba, na quadra um silencio total de perplexidade ninguém entendeu nada, e ai Flavinho deu seu grito de guerra para em seguida começar a cantar. Eu fiquei por alguns minutos extasiado de emoção, quando ouvi a minha torcida o meu povo cantando com uma alegria incontida, fui para o meio da quadra vivendo um dos momentos mais lindo da minha vida, pensei se o meu coração não parou, não vai parar mais ouvia o canto da massa misturado com ecoar dos fogos de artifícios confétes, serpentinas, alegorias em forma de argolão e bandeiras e eu ali nos braços do povo, ao terminar o ultimo acorde da melodia, uma explosão de já ganhou, já ganhou para depois é campeão é campeão, e eu mesmo debaixo de toda aquela emoção me dirigi para o palco me abracei ao cantor e o agradeci no qual me respondeu - Eu cantei porque gostei muito do seu samba, se você me ganhar a escola estará bem servida (bons tempos aqueles quando sambista era sambista e a Escola ficava acima das vaidades pessoais). Depois da euforia veio a expectativa do resultado final, enquanto descansava-mos da batalha travada no terreiro onde cada galo tentava cantar mais alto, aguardávamos o resultado ouvindo o samba do ano anterior com que a escola havia conquistado o seu terceiro titulo consecutivo.
X - Foi se apresentado os sambas até que chegou a minha vez, estava muito nervoso já que como disse anteriormente eu não cantava direito, ainda mais com bateria, mas o que fazer tinha que apresentar minha obra, me lembro que suava em bicas quando peguei o microfone tremia mais que vara verde e o que me alentava um pouco era minha torcida de Cachoeiras de Macacu que gritava hora meu nome, hora já ganhou, liderada por Candinho, Jaburu, Dna. Nilza e Dna. Wanda. Ao acabar ao de cantar o meu samba sentido aquele alivio do dever cumprido, desci do palco com o coração jubiloso de alegria e agradecimento aquele publico sambista que soube respeitar a obra de um iniciante prestando a atenção na letra e na melodia e não na interpretação do cantor, sendo abraçado e parabenizado pelos meus amigo até que cheguei a subida para o camarote da quadra do Fluminense A. C, e e lá aguardei o resultado, quando ouvir a voz possante do locutor que naquele momento era do diretor Lenine que disse, infelizmente temos que afastar um samba concorrente, é a lei natural das coisas, e o samba afastado é o de Hugo Camburão e J. Maizena. Fez um silencio tão grande no recinto que até se podia ouvir o zumbido de uma mosca se por ali passasse, e a quadra começou a ficar fazia, quando eu olho para baixo vi o Hugo vindo em direção ao camarote seguido por Maizena, quando o mesmo começou a subir a escada eu do alto gritei - Pare ai mesmo Hugo não suba nem mais um degrau e diga o que você quer, e êle como se tivesse recebido uma descarga elétrica parou na mesma hora e disse - Queria lhe dizer que agora eu vou torcer para o samba de Flavinho e Tapê, e logo atraz Maizena disse e eu estou com você Heraldo e se retiraram de cabeça baixa, e eu fiquei ali com o meu pensamento explodindo de alegria e olhando a minha torcida batendo palmas de felicidade, e nesse momento fui me dando conta que estava numa final de samba enredo no meio de tantos compositores conhecidissimos em Niterói e eu que não esperava passar pelas primeiras elimitórias, depois daquela rejeição de toda a Ala de não quererem fazer samba comigo e eu ali numa final autor sozinho de um samba enredo, não bastava mais nada eu já era um vitorioso, agora tinha que comemorar. Passei sabado e domingo em Cachoeiras junto com meus amigos comemorando, chega segunda feira comecei a trabalhar para a grande final, que seria na sexta feira daquela semana, passei os meus momentos contado as horas e num trabalho incessante de arrumar minha torcida, ensinando o samba, preparando fogos, fazendo alegorias, com uma equipe maravilhosa de amigos e intusiastas do samba, marcamos um reunião para quinta feira na casa de Dna. Nilsa ás 20,00 horas para acertar-mo os ultimos detalhes da grande final, nada poderia faltar, naquela alegria de uma reunião de amigos Dna. Wanda quiz me preparar e falou-me -Heraldo você já é um vitorioso, olha que um compositor sair de uma cidade do interior e chegar a uma final na Cubango sozinho sem parceiros, nós devemos nos preparar e imaginar que a escola dificilmente dará um samba para um compositor que disputa pela primeira vez e vem de fora da comunidade, embora para mim que venho acompanhado a disputa o seu samba é o melhor disparado, mas dai a ganhar... Ai Jaburu que já tinha tomado umas e outras retrucou - É um passarinho me contou que amanhã nós vamos sair de lá com o caneco na mão, e eu vou beber todas, não é meu compadre Candinho no que Candinho respondeu com toda certeza e falar nisso vamos tomar umas por conta do Heraldo que já é Campeão. Chega sexta feira o dia da grande final, éra oito horas e a quadra da Escola de Samba Unidos do Gangury de Cachoeiras de Macacu estava lotada de torcedores de vez enquanto pipocava uns fogos e a rapaziada bebiam com moderação e na maior animação, quando deu 21,00 horas fomos colocando o pessoal dentro dos ônibus que me foram cedidos pela prefeitura; Afinal eu representava o município, sendo o primeiro cidadão da Cidade representa-lá nessa modalidade.
IX - Eis que chega o dia seguinte sexta-feira data da semi-final, por volta das 14,00 horas reuni um grupo de amigos, na quadra do Gangury uma Escola de Samba de Cachoeiras de Macacu, fizemos um rateio e compramos algumas caixas de cervejas e refrigerantes, ajeitamos uma possante aparelhagem de som, colocamos o samba para a galera aprender, e ali ficamos ensinando o samba até ás 20,00 horas, quando embarcamos em dois ónibus especiais rumo a Niterói, para a quadra da Cubango que ficava na Rua: Xavier de Brito ao lado da fuscaldeza, hoje Universidade Salgado de Oliveira "Universo", lá chegando coloquei os torcedores para dentro da quadra e fiquei ali na portaria da quadra esperando alguns torcedores retardatários, eu ali naquela expectativa vendo as pessoas adentrando a sede da Escola quando der repente surge Hugo Camburão e J. Maizena, com os seus torcedores, o curioso é que Hugo, Maizena e alguns torcedores além de trazerem as suas alegorias, como bandeiras etc., traziam também uma boa contidade de caixa o que me deixou com uma pulga atraz da orelha, o que trariam dentro daquelas caixas. Eu ali pensativo, quando Hugo se aproximou e me disse, - Hoje vocês vão ver com quantos paus se faz um canoa, e se retirou, passado algum tempo eu também entrei e fiquei num canto da quadra conversando com alguns amigos, quando faltava uns trinta minutos para comerça as eliminatórias, com a quandra já lotada, Hugo se dirige para um dos cantos da quadra, acompanhado de Maizena e alguns torcedores do seu samba, se ajoelha e começa acender umas velas como se estivesse rezando, se levanta anda uns dois metros e torna a se ajoelhar e acende mais um feicho de velas, e assim foi seguindo por toda a quadra obdesendo o mesmo ritual quando o recinto já estava coberto de velas acesas eis que alguém apaga as luzes da quadra que ficou iluminada só com o clarão das velas, ficando o local com uma beleza indescritivel, ai der repente começa um engraçadinho a cantar, "Quem parte leva saudade do ultimo bloco que vem....." e o canto foi tomando conta da quadra e o povo se empolgando, até que um diretor da Escola ascendeu as luzes da quadra mas mesmo assim o povo continuou a cantar quando se ouviu a voz possante de Lenine no microfone dizendo vamos começar as eliminatórias o primeiro samba a ser cantado e de fulano de tal, fez-se então silêncio na quadra para se escutar o primeiro samba da noite.
VIII - Passada a euforia da apresentação voltei a realidade, tinha que arranjar um cantor para interpretar meu samba já que Marinho da Muda havia me prevenido que só faria a apresentação do mesmo por compromissos assumidos anteriormente. Contactei o Jacy um cantor do Conjunto Ritms Boys, de Cachoeiras de Macacu, que aceitou defender o meu samba me prevenindo que não tinha experiência com bateria de Escola de Samba e que tinha compromissos nas datas tal e tal, datas essas que cairiam justamente na semi-final e final da disputa do samba enredo, o que se há de fazer aceitei assim mesmo, tudo combinado partimos para as eliminatórias, no decorrer das eliminatórias três samba logo se destacaram, o meu, o de Flavinho Machado com João Tapê e o de Hugo Camburão e J. Maizena, este por ser uma coxa de retalhos, isto é samba feito por vários pedaços de outros sambas, onde tinha um trecho que dizia assim; Quem parte leva saudade do último bloco que vem.... uma alusão inteira musicada do samba "tá chegando a hora", sucesso absoluto até os dias de hoje, por isso de fácil assimilação foi logo ganhando a quadra sendo cantado por todos até mesmo por ser motivo de gozação. Em determinada eliminatória realizada no Club Fonseca no bairro do mesmo nome, Hugo havia combinado com Maizena que quanto estivesse se aproximando da parte do samba que dizia quem parte leva saudade......, ele iria com o microfone para o meio da quadra e rodeado pelo povo, faria um sinal para Maizena e os dois parariam de cantar e deixariam só para o povo na certeza que seria uma explosão de canto e alegria no meio da massa. Combinado e feito no auge do samba quando toda a quadra cantava o seu samba Hugo largou o palco e se dirigiu para o meio da quadra, e lá fez o referido sinal ao Maizena e parou de cantar dizendo agora e com vocês meu povo, só que Maizena continuou a cantar no microfone, Hugo voltou seu olhar para o palco e irado gritou no microfone. Para de cantar Maizena seu burro seu filho da puta, ai a quadra parou de cantar e povo explodiu numa sonora gargalhada. E assim foi acontecendo as eliminatórias e os comentários surgiam de boca em boca, porque o samba de Hugo e J. Maizena não era cortado já que não estava no contesto da Escola, e a letra e a melodia não preenchiam as necessidades do enredo, quando alguém com sutileza perguntava ao Presidente o mesmo respondia que o samba estava fazendo uma festa na quadra, e lá ia o samba seguindo na competição, eis que chega a semana da Semi-final, eu estava numa preocupação só, como iria me virar já que o meu cantor não poderia mais cantar, por compromisso assumidos anteriormente, eu tinha auto-critica sabia que cantava mal e por isso se eu cantasse iria prejudicar meu samba, mas o que fazer seja o que Deus quiser, nisso chega quinta-feira véspera da Semi-Final, estava eu na esquina dos compositores de Niterói quando chega o Presidente Ney Ferreira e começamos a conversar entre mil e um assuntos eis que o Presidente em determinado momento me fala -Heraldo você me podia fazer um favor, já que se da muito bem com Hugo e ele te respeita muito vai prevenindo a ele que talvez o samba dele seja cortado amanhã, estou lhe pedindo isso porque o samba deve ser cortado e não gostaria que houvesse tumulto na quadra. No que prontamente lhe respondi -Olha Ney muita gente já havia previsto isso, mas já que a batata esta assando na sua mão, você mesmo tem que descascar, e sai dali fui para um bar na outra esquina, comecei a tomar uns chopes eis que passado uns vinte minutos surge Hugo Camburão eu lhe ofereci um chope e começamos a conversar, lá pelo décimo chope conversa vai conversa vem a gente já bem animado Hugo me fala é compadre a briga esse ano é entre eu e você, só que desta vez o povo quer o meu samba a voz do povo é a voz de Deus vai ganhar eu. No que respondi olha Hugo eu ouvi um zum zum zum pode ser que seja até boato que o seu samba será cortado amanhã, Hugo me olhou sério e disse - Tá maluco tá todo mundo cantando o meu samba, no que respondi - O seu samba tem uns probleminhas você sabe como é e mais a mais onde a fumaça a fogo. No que retrucou - A é vocês estão e de armação espera amanhã que vocês vão ver o que estou preparando, mandou fechar a conta e saiu possesso.