XII - Fui para o bar da quadra com Candinho e Jaburu para bebermos uma cerveja já que a tensão era muito grande, isso é para mim, pois os meus dois amigos do peito e de copa já estavam para la de Bagdá ou seja totalmente pingussos, tinham tomado todas, e naquela euforia falavam - Eu não disse ganhamos, o samba explodiu na quadra vamos brindar e batiam os copos, eu falei - Vamos esperar o resultado e pensando com meus botões, cara você já é um vitorioso chegou até a final quando nem mesmo você acreditava que chegasse tão longe, e naquele devaneio der repente fui despertado pelo vozeirão de Mário Dias, e nesse momento ao olhar para fora da quadra me deparei com um cenário maravilho um céu azul límpido clareando, estava raiando um novo dia e Mário chamou todos os compositores finalista para irem até o palco ao chegarmos ao palco lá estavam o Presidente da Escola Ney Ferreira, o Patrono Nilton Bastos (Niltinho do Bar), Lenine e muitos outros Diretores, e eu e os outros compositores finalistas numa só ansiedade, ai debaixo daquele silencio da espera do resultado final, Mário começou a falar -Nesta noite madrugada de hoje foram apresentadas três verdadeiras obra primas de samba enredo, infelizmente a Escola só pode desfilar com um, mas qualquer das três obras aqui apresentada poderiam muito bem representar a escola e a mesma estaria bem servida e assim sendo, e por decisão unânime da comissão de Carnaval o hino que irá representar a Cubango para o Carnaval de 1978 é de (e fês uma pausa que parecia uma eternidade)... Heraldo Faria. Aquela voz naquele momento soou como uma bomba na minha cabeça, sou eu, será que estava sonhando, eu teria ouvido direito, eu até hoje não poderia expressar o que senti naquele instante, senti as pessoas me parabenizando, fui abraçado por uma multidão, era uma avalanche de alegria enquanto isso comecei ouvir o samba sendo cantado na vós de Flavinho puxador oficial da Escola junto com outros compositores e eu era levado do palco para o meio da quadra, nos braços do povo, não só dos meus torcedores mas também dos torcedores dos outros sambas em competição bons tempos aqueles que um compositor podia ganhar um samba sozinho sem parceiros, que o adversário sem vaidade, mesmo competindo subia ao palco e cantava o samba do outro, e que havia um interesse maior que era a Escola acima de tudo e de todos, enquanto olhava para o palco e via Clebinho, Coutinho, Betinho, Hugo Camburão, J. Maizena, Delmir e muito outros poetas da ala de compositores cantando o meu samba, e foi naquele momento de emoção plena é que compreendi porque naquela época a Cubango era tão grande a ponto de ser Tri-campeã, era o sentimento de união em torno de um ideal onde torcedores, componentes se uniam com todo os seguimentos da escola num amor só pelo seu pavilhão, fosse o samba de quem quer que fosse, o que interessava é que tivesse conteúdo suficiente para levar a escola a brigar pelo campeonato.