XVIII - Me lembro que quando nos chegamos estava desfilando a Corações Unidos uma escola do Largo de São Jorge que fica lá pelas bandas da Engenhoca, era a ante-penúltima Escola a se apresentar, logo em seguida viria a Viradouro, e por ultimo a nossa Escola, já que a campeã fechava o desfile, e bom frisar que a concentração ficava na Av. Visconde do Rio Branco, partido do antigo mercado Santo Antonio entreposto de peixe da cidade, passava pelo extinto cinema Odeon e entrava em curva para subir a Avenida Amaral Peixoto local de desfile. E a chuva teimosamente continuava caindo sem dar uma trégua se quer e os nossos componentes se amparando da dita cuja, debaixo das marquises para que não estragasse as fantasias e os nossos carros alegóricos já posicionados para o desfile coberto com lona de plástico preto para proteger nossas esculturas, enquanto isso a Viradouro estava na chuva pronta para iniciar o desfile, com as fantasias já prejudicadas todas molhas e as alegorias já perdendo seu brilho, sua beleza pois as águas da chuva era implacável. Foi a Vermelho e Branco começar a desfilar, como se fosse um encantamento a chuva parou de cair o tempo se firmou, talvez estivesse atendendo as orações da Mãe Luizinha, Babalorixá de um centro que ficava no Morro do Serrão e também Presidente da Ala da Baianas da Cubango. Aos poucos os componentes da Verde e Branco foram abandonando as marquises e sob a orientação da harmonia tomando seus lugares para a armação da Escola já sem chuva nenhuma que atrapalhasse, quando do carro de som surge a voz possante de Mário Dias, comunicador oficial da Escola na Avenida pedindo garra e amor ao nosso pavilhão, a emoção invadiu a minha alma e meu coração parecia disparar, em seguida vem Flavinho Machado puxador da Escola, da seu grito de guerra e consequentemente iniciando o canto do Samba Enredo "O meu primeiro samba enredo", entrei em êxtase, a felicidade era tamanha que seria dificil descrever, ao adentrarmos a passarela e ao ouvir a escola o povo nas laterais e nas arquibancadas da Avenida cantando com tanta empolgação, eu conseguia sentir na minha vaidade incontida que tudo quilo era consequência de um trabalho harmonioso, de uma engrenagem onde todos eram participativo onde imperava o amor, as nossas cores, a garra e a vontade de vencer, vencer e vencer, como seria bom se eu pudesse abraçar a todo mundo, agradecido por toda aquela manifestação de carinho com a Escola e ao samba em geral. E o cortejo irreal seguia em sua euforia, quando de repente aconteceu o inusitado, a Escola chegava a altura da rua Visconde do Uruguai onde ficava o antigo I.P.A.S.E., justamente no momento em que se cantava as duas ultimas linha do samba que dizia "Quando o sol resplandece no horizonte/Surge um novo dia radiante" naquele exato momento apareceu no alto no final da Avenida, um esplendoroso sol vermelho resplandecendo uma beleza infinda, parecia que a natureza em veneração vinha colorir ainda mais o verde e branco da Cubango e a Escola crescia cada vez mais em canto em empolgaçãoe em evoluçao parecendo um presságio de um grande acontecimento, e quando estavamos finalizando o desfile se ouvia a multidão gritando "já ganhou, já ganhou e campeão e campeão..." e saímos da Avenida Felizes e realizados na certeza do dever cumprido, agora era aguardar a apuração que seria na quarta-feira de cinzas.

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