XVII - Após esse fato lastimável e inconsequente que originou o afastamento definitivo da minha esposa da escola, ela ficou tão decepcionada que nunca mais pois os pés na Cubango. Mas é vida que segue, continuei na minha rotina divulgando o samba, hora nos pontos dos compositores, (Niterói - Rio) outras vezes nas rádios, e nos ensaios da escola, nas sextas-feira no Fluminense A.C, e nos domingos no Fonseca A.C., e ainda continuando com a minha mania de frequentar o barracão, indo lá quase todos os dias, me fascinava os trabalhos do ferreiro, carpinteiro, aderecista, decoradores, pintores, chapeleiro, em fim em tudo naquele mundo da magia e fantasia, curiosamente queria ficar a par de como tudo aquilo funcionava. Naqueles tempos, eram poucas as pessoas que trabalhavam no barracão, somente aqueles abnegados, verdadeiramente apaixonados pela Escola e pelo carnaval, e a Cubango não era diferente das outras. Havia uma comissão de carnaval presidida pelo presidente Ney Ferreira e o vice Nilton Bastos mais conhecido como Niltinho do Bar, que era também o patrono da escola, aquele que salva a escola nos momentos de apertos financeiros, essa comissão era formada por Luiz Beleza (Diretor Geral da Escola), Nenem chefe do barracão e os Diretores, Ary Sergio, Fraga, Luizinho carpinteiro e Eurides, verdadeiros baluartes que davam o sangue pelo Pavilhão Verde e Branco trabalhavam incansavelmente com um unico objetivo ser mais uma vez campeão, já que a escola havia alcançado o tri-campeonato consecutivo, não se pode esquecer também daqueles auxiliares da comissão que trabalhavam dia e noite para que a Cubango brilhasse na passarela, Dragão, José Carlos e Jorge Fofoca esse era o pinto do barracão. Certa vez aconteceu um fato hilário com Jorge Fofoca, naqueles tempos, cada escola tinha seu carro de som, que era pintado e decorado para o desfile, e bom ressaltar que o puxador oficial vinha cantando em cima desse carro e quando chegava em frente ao palanque das autoridades, postado na altura do meio da avenida, o puxador saltava do carro e pegava o microfone da Avenida onde o som se espalhava do inicio ao fim da mesma. O Jorge estava no barracão e já tinha tomado todas, quando Ary Sergio lhe pediu para pintar o carro de som, por dentro e por fora com tinta branca, e Fofoca se pos ao trabalho, passado algum tempo, já com o carro todo pintado Ary procura pelo jorge, e não o encontrando pergunta e ao mesmo tempo e exclama - Vira o Jorge por ai, ele tomou todas e deve estar domingo em algum lugar. Ai alguém lhe respondeu - O Ary Sergio você esta cego, não esta vendo o Jorge sentado na frente do carro de som. Ao olharmos para o carro lá estava o Fofoca mais parecendo um boneco de isopor completando uma alegoria, mais pintado de branco do que o próprio carro, ao pintar o carro por dentro ele estava tão pinguço que balançava igual um barco a deriva indo de um lado para o outro se esbarrando nas laterais do carro pintando e se pintando. Essa comissão foi pau pra toda obra verdadeiros heróis da escola, fizeram de tudo desde a confecção do enredo até tirarem os carros do barracão e levarem para a Avenida e depois trazerem de volta após o desfile. Nesta rotina dia e noite, sol e chuva chegamos ao grande dia de carnaval, já havia experimentado a sensação de vencer um samba enredo, agora a expectativa era de ver meu samba ser cantado na Avenida Hernane do Amaral Peixoto, tendo em vista que o escritor Jorge Amado depois de ser enredo de uma das escolas da Cidade, ter feito uma declaração de que Niterói teria o segundo melhor carnaval do Brasil na época. Ao chegar o grande momento, eu estava em Cachoeiras de Macacu havia desfilado pelo Gangury uma escola daquela cidade e que por um acaso o samba também era de minha autoria, após um descanso razoável, fui para o centro da cidade encontrar com a rapaziada e naturalmente beber umas cervejas, por volta das vinte e duas horas, quando já tinha bebido todas, deparei com minha esposa e um dos meus cunhados chamado Talis, então ela perguntou-me - Você não vai desfilar na Cubango?. E eu respondi - Vai se a ultima escola a desfilar é lá pelas cinco da manhã, e ela - Pois é, o ultimo ônibus sai a meia noite, depois desse você perde o desfile, sai correndo tropeçando nos calcanhares fui em casa tomei um banho me arrumei, ai minha mulher me avisou que meu cunhado iria me acompanhar, pois eu estava pra lá de Bagdá, conseguimos pegar o ultimo ônibus, foi eu sentar na condução peguei no sono, quando acordei estava chegando em Niterói, chovia torrencial mente, saímos da rodoviária fomos nos protegendo debaixo das marquises até chegarmos ao local de desfile,

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