VII - Eis que chega sexta-feira dia da apresentação do samba cheguei ao Fluminense Futebol Clube de Niterói, que fica ao lado da Fuscaldesa hoje faculdade "Universo", em um ônibus alugado com vários amigos de Cachoeiras, entre ele os inseparáveis Candinho e Jaburu do qual mais tarde falaremos sobre os mesmos, ao entrar na quadra lotada, fui logo chamado para o sorteio que ditaria a ordem de apresentação dos sambas, no sorteio por sorte o meu samba seria o ultimo a se apresentar, e para cantar pelo primeiro, o samba da dupla Hugo Camburão e J. Maizena. Sai da sala da Diretoria para a quadra, contemplando aquela multidão de sambistas, meu coração palpitava tão forte que no meu interior eu me sentia o mais feliz dos mortais, me dirigir a mesa dos compositores já que era mais um a compor aquela fortíssima Ala, fui logo convidado a me sentar convidado pelo presidente da Ala Zé do Norte um dos compositores mais antigo da mesma, lá já estavam sentados João Tapê, Clebinho, Paulo Adade, Flavinho Machado, João Belém e Betinho, o samba comia solto no terreiro, a bateria num ritmo gostoso acompanhava um samba de quadra que era interpretado por T' Zé e nós ali numa alegria sem fim, garrafas de cerveja na mesa, copos transbordando a a gente contemplando as passistas dizendo no pé com aquele trejeito gostoso que só a arte pode nos proporcionar, passa-se alguns minutos, eis que der repente chega a mesa Hugo Camburão com um recorte de jornal na mão que foi colocando em cima da mesa, observei que havia uma foto sua no meio de uma reportagem que falava da sua obra, depois de falar com alguns componentes da mesa ele se afastou deixando ali aquele pedaço de papel, eu sentido que havia algo estranho no ar, me levantei e me posicionei ficando um pouco distante do pessoal só observando, passa algum tempo Hugo volta e sobre a mesa estava o seu recorte todo molhado o que seria natural já que havia vários copos transbordando de cerveja na mesa, com algumas pessoas esbarrando e alguns compositores acompanhando o ritmo do samba batendo na mesma, fatalmente isso iria acontecer. Ai Hugo pergunta. - Quem derramou cerveja na minha cara, isso é uma falta de respeito comigo e fingindo-se de irado, foi para cima de Zé do Norte que o empurrou, gerando dai uma tremenda confusão, empurra daqui, empurra dali, xingamentos para tudo que é lado até que o presidente da Escola Nei Ferreira chegou com sua Diretoria e tudo se acalmou, serenado os ânimos e a paz reinando no recinto, Ai Hugo se dirige ao presidente e fala - Senhor Presidente, depois de toda essa confusão e eu me sentidos humilhado, prejudicado e constrangido, queria solicitar de V.Ex. que fizesse outro sorteio anulando o primeiro o que o presidente lhe respondeu, - se eu fizer outro sorteio o seu samba será cortado o que você acha?. Hugo engoliu em seco ficou quieto, ouvindo uma estrondosa gargalhada já que todos perceberam que tudo foi uma armação orquestrada para mudar a ordem de apresentação dos sambas. Logo deu inicio as apresentações do samba que era justamente o de Hugo e Maizena esse samba tinha algumas particularidades, uma frase dizia assim "quem parte leva saudade de alguém do ultimo bloco que vem" com a melodia original da musica (quem parte lega saudade) sucesso até os dias de hoje., e era uma coxa de retalhos "com pedaços de outra melodias já conhecidas", depois foi seguindo outros samba, cada um melhor do que o outro, até que finalmente chegou a minha vez o meu grande momento, a expectativa era grande demais será que agradaria?. iria pegar bem com a bateria, a ânsia de uma novato que suava frio ao ouvir a voz possante de Marinho da Muda entoando o meu primeiro samba enredo em disputa, a minha torcida invade a quadra me levando junto, confetes, serpentinas, ouvindo do lado de fora o eclodir dos fogos de artifícios a alegria tomou conta de todos era o meu batismo de fogo, ao ecoar os últimos acordes da voz de Marinho findando a apresentação a quadra explode como se fosse um grito só, já ganhou, já ganhou...., tapinha nas costas, parabéns vindo de tudo quanto é lado, me causando a certeza de que estava no caminho certo, embora sabia que ainda não tinha ganho nada...

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