IV - Pedi desculpa ao público presente e aos ouvintes de casa, eu iria mostrar meu samba não como cantor que por sinal cantava muito mal, mas sim como compositor e comecei a cantar, ao terminar de apresentar a minha obra, aliviado fiquei quando ouvi os aplausos da plateia, percebendo ali naquele momento como o mundo do samba é diferente, respeitoso, incentivador e inteligente, prestaram a atenção na minha musica na minha letra e não na minha voz que com certeza estava ferindo aos ouvidos de cada um ali presente, ao sair para descer do palco Zé Galego pediu-me que não saísse do auditório sem falar com ele, me deixando ali curioso esperando, o que iria ele falar comigo?. Terminando o programa me dirigir ao Zé que foi logo me dizendo o seu samba é bom tem muita qualidade, porque você não faz uma fita e para divulga-lo, passando a me orientar como se trabalha um samba enredo, nisso chamou o Marinho da Muda me apresentou, que também elogiou o samba e disse ao Marinho, Mário vamos ajudar o Heraldo o samba e bom e além de tudo eu sou Cubango e quero o melhor para minha escola e gostaria que você colocasse a voz no samba. Ali mesmo pegamos um gravador portátil, eu gravei uma mostragem só para o Marinho aprender, e marcou a gravação para o dia seguinte e além disso tudo pediu ao conjunto Realidade que acompanhassem a gravação, sai da rádio peguei a barca Rio-Niterói, sentei num dos bancos olhando ao horizonte la pela saída da barra vislumbrei de um lado a fortaleza Santa Cruz em Jurujuba do outro o Pão de Açúcar o forte Laje e bem perto logo ali na minha frente a Escola Naval margeando o aeroporto Santos Dumont, e contemplando aquele céu azul claro de uma tarde de verão refletindo nas águas límpidas, também azuis do mar com suas ondas cintilantes tudo de uma beleza esplendorosa, dei asas a minha imaginação como pode alguém duvidar da existência de um ser maior soberano, causa primária de todas as coisas, estava ali diante dos meus olhos a natureza exuberante, as pessoas povoando aquela embarcação com suas alegrias ou incertezas, com suas oportunidades de se redimir dos erros passados concedido por um Pai de infinito amor, estava ali também no pulsar de tantas vidas a prova cabal da existência de Deus. Despertei para a realidade, olhando as pessoas, na minha ilusão pensava que estavam me olhando como se dissessem, ali esta o compositor daquele samba que nós ouvimos na rádio, pobre pensamento, pobre fantasia, aqueles que ocupavam aquela embarcação estava vindo do trabalho preocupados com seus cotidiano, nem ouviram rádio, mas era bom pensar, e com esses devaneios cheguei em Niterói, seguir rumo a Coronel Gomes Machado até chegar a esquina com Visconde de Uruguai como já disse anteriormente onde se concentrava sambistas e jogadores de futebol de Niterói, alguns sambistas ao me ver foram logo dizendo...

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